Neurociência e a Consciência

NEUROCIÊNCIA E A CONSCIÊNCIA

Contribuições da física quântica

Primazia da consciência

Não somos nossos cérebros, mas utilizamos esse órgão – extremamente sofisticado – para expressar e representar aspectos internos da consciência. A neurociência tem avançado com a oportunidade ímpar de estudar o cérebro e seu funcionamento de forma dinâmica. A neurociência estuda o cérebro em ação. Como podemos definir “consciência”? Tarefa árdua e quase impossível. É algo que é, simplesmente. Do ponto de vista prático e pragmático, há estudos que entendem a consciência considerando-na como sendo as características subjetivas do indivíduo. Porém queremos entender  a consciência de maneira ontológica, isto é, compreender a consciência como a “essência” última do ser. Etmologicamente, consciência significa “saber com”. Exatamente isso! A consciência é o que é. Não temos como definir algo que é indefinível. Utilizamos de instrumentos intuitivos para capturar a idéia de consciência e não a compreendemos apenas como sendo as características subjetivas que integram o ser humano e, sim, como a “essência” divina individualizada em uma personalidade em evolução. Essa consciência imediata interage com as possibilidades infinitas do universo e cria a realidade. Essa consciência “questiona” a natureza e a mesma responde. A diversidade de respostas corresponde a diversidade de “perguntas” que realizamos.

Cada pensamento cria uma representação no cérebro através de um circuito neural. O pensamento é a linguagem do cérebro.O foco da sua atenção forma conexões. Uma rede neural cerebral é formada para representar aquilo que observamos. A mente “molda” o cérebro! Essa é uma conclusão recente e só foi possível devido ao avanço de pesquisas e estudos realizados em diversos laboratórios de neurociência. Algumas constatações proporcionaram os primeiros vislumbres para chegarmos a conclusão de que a mente molda o cérebro. Uma pesquisa simples realizada com voluntários foi ensinado a sequência de uma música tocada ao piano (coisa simples). Esses voluntários treinaram durante algumas semanas e no final foi constatado o aumento da área cerebral responsável por esse aprendizado. Bom, isso já era esperado. O que não era esperado é que o outro grupo, que apenas “imaginaram” a mesma sequência musical, também aumentaram a mesma área cerebral. Não houve diferença significativa entre os dois grupos. Fantástica essa pesquisa. Mostra como a mente pode literalmente moldar o cérebro. Será que podemos utilizar essa habilidade para criarmos uma realidade melhor para nós? O pensamento tem alguma influência em nossas vidas? Precisamos acreditar nisso.

A neurociência começa a compreender os circuitos cerebrais e tentam, sem resultado, compreender a consciência a partir de mecanismos biológicos de “engenhosidades” moleculares fantásticas que ocorrem na intimidade da célula, longe da percepção consciente. Assim, elegem microtubulos e tubulinas (Hameroff e Penrose) como candidatos para explicar os fenômenos quânticos, dentro de um interacionismo inexistente – como pode interação de objetos (moléculas) produzir o sujeito da ação (consciência)? –  que ocorrem no cérebro diante da captação da realidade. Se queremos ser realmente cientistas e ficarmos livres de paradoxos graves não podemos estudar a consciência ou qualquer elemento sutil como sendo subproduto do funcionamento de máquinas moleculares. Antes disso, temos que estudar como a consciência consegue se expressar utilizando-se dessas possibilidades! Se queremos realmente compreender e entender um mundo transcendente que há após o término do corpo físico, temos que obrigatoriamente admitir que o sutil coordena e causa o manifesto (o físico). Caso contrário, estaremos dando murro em cabeça de prego e continuaremos indiferentes no processo de envolvimento pessoal de transformação. Continuaremos em uma postura de indiferença e separação. Essa separação não existe. Senão, não há possibilidade de existir um mundo sutil. E, para concluir que há um mundo sutil, temos muitos elementos que corroboram com a idéia da sua existência formado por uma matéria sutil, que existe e permite que a consciência continue escolhendo dentre as possibilidades do sutil os seus corpos sutis (supramental, mental e vital), mesmo que ela não tenha mais a opção de escolha da matéria fixa, que é nosso corpo físico.

Pensamentos e sentimentos são objetos quânticos que utilizam das moléculas biológicas para existir no mundo dos fenômenos da manifestação fixa da matéria. Pensamento é matéria. Sentimento é matéria. Como tal, são ondas de possibilidades dentro das infinitas possibilidades de escolha que a consciência possui. Escolhas habituais e condicionadas. A consciência está em um processo evolutivo obedecendo a um impulso de “retorno” diante da maturação psicológica que todos nós seres humanos nos encontramos. A matéria fixa do corpo físico e toda sua biologia obedece a comandos sutis da mente (pensamentos e sentimentos), pois todos são feitos da mesma substância. Pensamento e neurotransmissor; sentimento e moléculas da emoção são codependentes. Um coordena do mundo sutil as ações no físico. Há uma sabedoria (processamento inconsciente) proveniente de um campo fundamental unificado de onde nascem as ondas do pensamentos e o movimento da energia vital do sentimento formando campos que atuam em campos que coordenam as ações no físico. Assim a medicina deverá estudar os desequilíbrios da alma que repercute no físico. Trazendo para a equação aquilo que foi negligenciado durante muitos anos em pesquisas científicas: o sutil. Pensar pode adoecer; sentir pode adoecer e há avanços que corroboram esse conhecimento. Diante disso estamos caminhando para aceitar a hipótese como sendo verdadeira de que existe o sutil, não podemos negá-lo. Se o negamos, ele continuará existindo e gritando para que possamos ouvir o seu chamado e agir de maneira consciente em todos os relacionamentos.

Quais são os aspectos internos que podem ser representados por meio de um circuito cerebral? Todos… Todas as características internas de nossa alma com seus sofrimentos, com suas sombras, com suas angústias, com seus medos, com suas inseguranças, com seus desejos, com seus anseios, com suas intenções, com sua bondade, com sua justiça, com seu amor, com sua abundância, com sua verdade, com sua gratidão, com sua alegria, com sua tristeza, com sua raiva, com seu ódio, com suas vontades, com sua serenidade, com sua felicidade, com sua equanimidade, com sua assertividade, com suas crenças, com seu automatismo inconsciente… toda a alma… a alma por inteiro… pode ser representada no cérebro. Mente e cérebro (corpo por inteiro) são formados por uma única substância. A consciência identifica-se com o cérebro no momento da mensuração quântica. No momento que observamos (nós consciências), a consciência divide-se em sujeito que observa e objeto observado. Não há como escapar dessa conclusão quando estudamos a física quântica sob o paradigma do primado da consciência. Somos observadores do universo. Nós criamos a realidade. Há muitas nuances nesse processo. O cérebro tem participação ativa, mas ainda assim é uma possibilidade de escolha da consciência, quando se trata de representar os aspectos internos da alma. A mente e o cérebro formam uma codependencia e o funcionamento cerebral adquire características complexas  ao tentarmos entender o que é a REALIDADE.

Observem a evolução e será comprovada essa observação. Podemos representar voluntariamente no cérebro estados de felicidade e sabedoria. Como fazer isso? Saindo das escolhas habituais… exercitando conviver com o sutil e trazer esse sutil para sua vida… trazendo e valorizando a consciência em e para tudo o que você faz… a consciência é a base de tudo. Não  posso fornecer uma receita a ser seguida, pois há vários níveis de consciência e cada qual assimila aquilo que está pronta para assimilar. Posso fornecer uma maneira diferente de dar significados aos contextos, pois acredito que mudando contextos a mente dá um significado diferente e um valor diferente surge na manifestação. O que falta hoje em dia? Valores? Quais valores? Todos? A civilização está esgotando o impulso do materialismo que admite ser a matéria a base de tudo para entrar no impulso da consciência como sendo a base de tudo. Há uma inversão de causalidade. Estamos saindo da primazia da matéria para valorizar não só a matéria, mas também a consciência. A consciência, não cansamos de afirmar, não é um epifenômeno do cérebro, mas, sim, é ela (consciência) quem “produz” – quem colapsa a função de onda – e literalmente cria a matéria e também o cérebro. Vamos pensar um pouco. Como podemos imaginar ou explicar que do mecanismo de funcionamento cerebral possa sair ou emergir algo sutil como a consciência ou qualquer outro aspecto interno da alma? Como que de interações de objetos pode-se fornecer o sujeito que observa? Problema difícil de ser resolvido pela neurociência quando o contexto que fornece os significados é a primazia da matéria. Há uma incompletude em tudo isso. Temos que sair desse raciocínio que prende,  amarra e tira o propósito da vida. A vida tem propósito!!!! Com um pouco de pensamento quântico podemos resgatar o livre arbítrio e a liberdade de escolha e, consequentemente, as responsabilidades sobre essas escolhas. Podemos dar um novo impulso em nossa evolução e criar uma realidade diferente dessa que criamos até agora.

Valorizar o sutil e viver em ação com esse significado. O que é o sutil? São aspectos internos e transcendentes de cada um de nós. Vejam e constatem por si mesmos: quando vejo uma pedra, ela surge externamente a minha percepção; quando penso, ele surge internamente a minha percepção. A pedra é externo e o pensamento é interno. A pedra podemos compartilhar; o pensamento não podemos compartilhar salvo raríssimas exceções. Foi essa diferença de percepção que fez com que Descartes levasse a uma bifurcação que perdura até hoje. A substância da pedra e a substância do pensamento são diferentes! Não! Não são! A física quântica e todo o arsenal de experimentos vem derrubar esse paradigma da separação e dizer que aspectos internos e externos são feitos da mesma substância. A pedra é um objeto quântico e necessita de uma representação mental para existir. Não percebemos os arranjos de átomos e partículas elementares que constituem a pedra. Por que então há essa aparente separação entre o que é externo e o que é interno? Um pouco de pensamento quântico ajuda! Átomos e partículas elementares são ondas de possibilidades que se expandem com uma velocidade incomensurável. A medida que as etapas de “atualização” ocorrem durante o ato psíquico da observação, essa onda de expansão vai tornando-se cada vez mais lenta e adiquirindo massa e peso durante esse processo. A transição do micro para o macro torna a onda de possibilidade cada vez mais lenta a ponto de entre observações não ser percebido qualquer modificação e dando a aparência de externo ao processo. A pedra está externo ao sujeito que a percebe. Com o pensamento, objeto quântico também, o movimento quântico é muito mais dinâmico e a onda de expansão se modifica muito rapidamente o que torna o pensamento um aspecto interno e não compartilhável inicialmente. Quando a consciência colapsa a função de onda do pensamento esse surge internamente, particular e não externo, mas tanto pedra como pensamento são feitos da mesma substância. Isso acaba com a separação e a bifurcação e começamos a entender melhor a dinâmica de funcionamento de nosso Universo e nos tornarmos realmente participativos no processo evolutivo. Isso permite estudar o pensamento não mais como um epifenômeno do cérebro, mas com propriedades intrínsecas de força e poder causal que atua na biologia de maneira eficaz e conduz a novas pesquisas que fazem entender como pessoas com transtornos de humor podem adoecer mais facilmente que outras. O pensamento tem massa e peso e atua na matéria.

Pensamento é um objeto quântico. É feito de uma substância (não-diferente) da substância que é feito o cérebro. Não há dualidade nem dualismo. Os neurotransmissores (moléculas liberadas na fenda sinaptica – espaço entre dois neurônios – e que são rapidamente metabolizados pelo organismo) não são, com certeza, os pensamentos, mas o representam. Há uma descontinuidade entre o surgir do pensamento e o aparecimento do neurotransmissor. Não é um processo contínuo! Quando penso em um objeto qualquer – uma flor, por exemplo – milhares de sinais são disparados demonstrando a atividade de circuitos de neurônios dentro do cérebro. Quem coordena todos esses disparos? O erro é acreditar que são desses disparos de neurônios que fazem nascer os pensamentos. É ao contrário! São os pensamentos que fazem surgir os neurotransmissores no cérebro e esses passam a representar o pensamento em questão. A mente é capaz de moldar o cérebro! Eu posso, através da capacidade de visão mental, criar estados cerebrais que representem as emoções ditas positivas.

As possibilidades que nos ensina a física quântica ocorre em todos os níveis. Basta olhar uma simples bola de bilhar que constatará que você não consegue percebê-la de uma maneira total. A visão direta impede de perceber todas as sutilezas envolvidas nessa percepção. Você não consegue perceber um arranjo de átomos e/ou partículas elementares?! Você não consegue perceber o momento elétrico do elétron quando você olha para uma bola de bilhar!! Você não consegue perceber a onda de matéria dessa bola de bilhar!! Esse mundo é um mundo sutil! Transcendente e real, porém só observado pelo mundo científico e os aparelhos de medição. Esse é o mundo das possibilidades. Um elétron é muito mais que o rastro que observamos na câmara de bolha que o detecta momentaneamente. Um elétron é muito mais que um estalido de um contator Geiger. Essas são algumas das maneiras que temos para especificar aquilo que é observado. Depois do estalido, não conseguimos obter qualquer outra informação dessa partícula (elétron). O elétron faz parte das possibilidades transcendentes, assim como toda a matéria observável do universo. Quem observa? Que é capaz de provocar o colapso da função de onda? Estamos evoluindo nas pesquisas para concluir que é a consciência quem escolhe. Mas temos tantos problemas urgentes para serem resolvidos e ficamos aqui preocupados com quem escolhe a realidade? Sem dúvida temos problemas urgentes para serem resolvidos, mas a solução dos problemas complexos que o paradigma antigo materialista nos deixou, requer novas escolhas, requer criatividade, requer novos significados e se continuarmos insistindo em buscar o sutil através das interações materiais, os valores continuarão esquecidos e negligenciados. Interações materiais não processam valores? O cérebro não consegue observar a si próprio! Falta algo nessa equação!!!! Interação de objetos não podem produzir o sujeito!!! Interação de neurônios (célula nervosa) não pode produzir o sujeito de todas as observações. Temos um paradoxo grave! A consciência é capaz de processar valores e observar a si própria. Aliás o universo (consciência universal) é autoconsciente através de nós (consciências individuais). Há um princípio no universo que parece indicar a necessidade de haver um domínio que observa e outro que é observado.

O sentimento também é um objeto quântico. É o movimento da energia vital dentro de um campo funcional que percebemos e representamos no físico através das interações da matéria (moléculas da emoção). Emoção, portanto, é a representação física do sentimento que é sutil. Por que isso é importante? Para podermos acreditar que com a morte do corpo físico algo sutil sobrevive. Caso contrário, se eu só acreditar que haja interações materiais e nada mais, o meu agir no mundo irá refletir esse significado e não haverá espaço para ser bom ou fazer o bem. Será tudo indiferente. Não tenho responsabilidade sobre meus atos. Entre ser bom e ser negligente não há diferença. Entenderam a importância de acreditar no sutil? A física quântica proporciona essa mudança de paradigma quando afirma que toda matéria são ondas de possibilidades. A intimidade da matéria deixou de ser um bloco concreto e passou a ser um mundo de conexões e interconexões onde a comunicação é instantânea e sem troca de sinais (não localidade quântica) e sempre aponta para além dela mesma. É a chance que temos novamente de valorizar aspectos que o materialismo científico negligenciou há 400 anos com a bifurcação e separação das substâncias que constituem o cosmo. Há muitas evidências para essa conclusão. O interno e o externo de todas as coisas são feitas de uma única substância. A consciência é a intermediária na escolha. Esse paradigma resolve todos os paradoxos científicos do interacionismo entre sutil e manifesto e não há quebra da lei de conservação da energia do mundo manifesto. Simples e complexo assim!!! 

Abraços fraternos

Dr Milton Moura

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Um comentário em “Neurociência e a Consciência

  1. Complexo!
    Mas consegui entender as nuances do real significado da Consciência como transformadora da realidade que conhecemos.
    Obrigada por compartilhar!!
    Abraços Fraternos.

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