O arquiteto americano Bryan Berg terminou o maior castelo de cartas do mundo. Isso ocorreu em 2010. Há uma metáfora por detrás desse castelo. Justamente a de um mundo altamente complexo e interligado em que vivemos hoje. Como chegamos até aqui? A réplica do castelo de cartas de Bryan Berg demonstra como a complexidade traz consigo a interdependência e ao mesmo tempo a fragilidade desses sistemas a mercê de eventos não previsíveis. Uma ratazana poderia passar por ali e colocar abaixo toda a complexidade dos mais de 4000 mil baralhos utilizados na construção. Observamos um aumento da complexidade de todos os sistemas envolvidos em uma sociedade. A energia elétrica produzida nas usinas hidroelétricas é fundamental para o funcionamento da internet. Um colapso no funcionamento da internet poderia provocar danos irreparáveis na segurança, na saúde e em diversos setores. Eventos naturais e também eventos provocados pelo homem podem interferir na interconexão dos sistemas. Os seres humanos, que há mais de 150.000 (Cento e cinquenta mil) anos vem mantendo presença no planeta Terra, passando por modificações anatômicas, morfológicas, emocionais, comportamentais. É fascinante percebermos o processo evolutivo. E é ainda mais fascinante pensarmos sobre a vida e como a compreendemos. É imprescindível que consigamos enxergar a necessidade atual que todos nós temos de despertar para uma realidade onde a consciência seja valorizada como poder causal fundamental. Seja refletindo sobre a evolução e a incompletude das teorias que tentam compreender o processo evolutivo, seja refletindo sobre as diversas áreas do saber humano, seja pesquisando e estudando aspectos científicos objetivos, seja buscando auxílio no campo filosófico do pensar, seja dando vazão a criatividade interna e externa, situacional e fundamental, seja ouvindo e refletindo sobre ideias contrárias, seja buscando opiniões em todas as áreas da sabedoria humana, seja em leituras de textos de pessoas que já pensaram no assunto, chegamos a constatação de que: Somos vivos e temos consciência disso. Pensar em consciência nos dias de hoje é fundamental. A evolução da percepção humana sobre si mesma progrediu muito e dentro dessa evolução de percepção há uma motivação inquietante de buscar explicações para uma infinidade de incertezas. Muito além de questões filosóficas sobre nossas origens, sobre se há algum propósito em viver e da forma como vivemos, se há um motivo para as dores e sofrimentos, se realmente há necessidade de sofrer e por que? Qual a nossa destinação ou predistinação? Somos livres? Temos realmente liberdade em nossas escolhas? Ou somos como feito pedras em queda livre pensando que podemos escolher o nosso destino? Essas questões ficam sem respostas, ou apenas com respostas simplórias, se não tentarmos compreender a realidade completa pela qual somos formados.
Temos discutido muito as ideias da física quântica e seus princípios que nos conduzem para compreender um novo paradigma. Um conjunto teórico de ideias e comportamentos que regem as decisões dos seres humanos. Muitos paradigmas já nortearam essas condutas. Muitos paradigmas já alimentaram as guerras, destruições, separações por não preverem o processamento de valores. Houve época onde os seres humanos buscavam explicações racionais para suas dúvidas e para fenômenos observados e quando não as encontravam na ciência incipiente, atribuía-se explicações a causas sobrenaturais. Uma era onde o místico era importante e os milagres eram atribuídos a causas que não tinham explicações plausíveis dentro da sabedoria da época. Era uma época organizada e satisfez durante certo tempo e a convivência entre ciência e religião foi orgânica. Porém esse aparente equilíbrio foi quebrado pela revolução das máquinas e o mecanicismo newtoniano. A física de Newton é possuidora de uma filosofia determinista onde admitia-se que sabedor das condições iniciais e das forças envolvidas no sistema, podia-se prever a trajetória, isto é, determinar o destino. A biologia, a medicina, o direito, a psicologia sofreram influências desse paradigma determinista. A metáfora de máquina ainda hoje repercute em nossas mentes e condutas. No início do século XX, os quantas foram teorizados. Pacotes de energia discreta com a capacidade de fazer algo acontecer foi identificado inicialmente por Planck e depois confirmado pelos trabalhos de Einstein em seus experimentos do efeito fotoelétrico. A matéria, antes vista como feita por “blocos de concretos”, agora passou a ser compreendida dentro de um espectro de probabilidade de existir. A luz possui um comportamento ondulatório e simultaneamente um comportamento corpuscular. Desse comportamento íntimo dos constituintes submicroscópicos da matéria emergiu o conceito da incerteza. Em um campo fundamental, onde a matéria nasce, não há certezas. Há, sim, probabilidades e com ela as possibilidades e as incertezas. Nasce uma ferramenta poderosa de cálculos de probabilidade: mecânica quântica.
A mecânica quântica consegue prever apenas a probabilidade de um életron existir. Em cada experimento realizado para se detectar o elétron e sua trajetória pode-se apenas prever a possibilidade dele existir, mas nunca o elétron real. Não há trajetória que possa ser prevista quando estamos considerando objetos quânticos como o elétron. O átomo e seu modelo foi totalmente reconsiderado. O nascimento da luz (salto quântico e flutuações quânticas) é até hoje envolto em mistérios. O que é capaz de perturbar o “tecido” do espaço onde está inserido o átomo capaz de nascer a luz? Bom, ainda voltarei a esse assunto. Até a descoberta da física quântica, o observador não era considerado importante nos experimentos. Hoje, com o conhecimento da interconexão quântica existente entre todos os objetos quânticos, o observador é levado em consideração com papel fundamental. O observador é capaz de perturbar e interferir com o sistema que está sendo experimentado. O observador e aquilo que está sendo observado formam um todo inseparável e influenciam no resultado do experimento. Se a mecânica quântica é capaz de prever apenas a probabilidade de existência do elétron, fica a pergunta que não cala: O que causa a realidade então? Nasce uma interpretação audaciosa da física quântica que considera o papel do observador como fundamental. Nasce a interpretação da física quântica que considera a consciência como algo fora do sistema da mecânica quântica capaz de perturbar o sistema e provocar o colapso da função de onda do elétron e transformá-lo em realidade. A dualidade onda-partícula adquire um intermediário que é a consciência. A consciência é o verdadeiro poder causal da matéria. Sem consciência não haveria a realidade como a conhecemos. Daí, grandes pesquisadores, admitirem em uma época onde pouco se compreendia sobre esses fenômenos, afirmarem que nós criamos a realidade. Foi uma época onde as intenções de criar coisas materiais ganhou força. Bom, se eu sou capaz de criar a minha realidade, então eu quero uma BMW na garagem! Época ingênua. Há uma profundidade maior nessa descoberta. Uma profundidade muito maior que os desejos do EGO. Aqui nasce outra interpretação da física quântica: As escolhas são feitas por uma consciência que está além da consciência imediata(consciência egóica). Essa consciência que está além da consciência imediata é a consciência cósmica. Nasce um novo Deus. Nasce uma consciência cósmica não mais separada. Morre o Deus infantil personificado e nasce um Deus cósmico que participa ativamente e objetivamente das escolhas de suas criaturas. Nasce a Causa Primeira de todas as coisas, O Todo-Poderoso, Ser Supremo, Suprema Bondade, Altíssimo, Ser Divino, Divindade, Deus Pai, Rei dos Reis, Criador, Autor de Todas as Coisas, Criador do Céu e da Terra, Luz do Mundo e Soberano do Universo. A grande maioria das pessoas acreditam em um Deus que é um ser todo-poderoso (onipotente) que tudo sabe (onisciente) e dotado de uma bondade infinita (onibenevolente): que criou o universo e tudo o que nele existe; que é preexistente e eterno, um espírito incorpóreo que criou, ama e pode dar aos homens a vida eterna. Todos essas atribuições são construções humanas na tentativa de compreender a consciência cósmica que interconecta todos os seres sencientes. Hoje a ciência quântica consegue devolver Deus para a própria ciência e mais, consegue integrar aspectos que percorreram um trajeto separado até então: ciência e espiritualidade. Aspectos transcendentes agora podem ser compreendidos de maneira objetiva. Como o transcendente comunica-se com o manifesto? A resposta está na física quântica e na interpretação da filosofia idealista monista da realidade onde a consciência é considerada a base de tudo.
Dessa maneira, integramos a separação existente entre ciência e religião, entre ciência e espiritualidade. Podemos conversar e pesquisar os fenômenos da psique humana e todos os aspectos sutis, particulares e internos da mente humana. Integrados e cocriados simultaneamente com a matéria física corpórea dos 70 trilhões de células que constituem o corpo humano. Conseguimos valorizar a energia vital e resgata-la para a biologia convencional que ainda está incompleta. Conseguimos pensar em um novo paradigma para a medicina onde as condutas levarão em consideração esses aspectos sutis, pois neles estão situados as verdadeiras causas das diversas patologias que afetam a saúde humana. Mudança de paradigma. Mudança de capacidade teórica que orienta a prática e as ações. Mudança de paradigma que impulsiona o ser humano para a necessidade da transformação íntima a fim de alcançar o propósito da evolução. Exatamente isso. Avanço tecnológico, computadores de última geração, computadores quânticos, processamento de informações cada vez mais complexas são construções externas.O cérebro humano tem dificuldade em lidar com a complexidade. As vezes, eventos não previsíveis também acontecem na vida e impulsionam para decisões e soluções novas. As vezes, esses eventos acontecem para diminuir a complexidade até um estágio mais simples que permita uma evolução. Muito mais que a tecnologia externa precisamos da “tecnologia” interna que é capaz de acessar uma rede energética de poder incomensurável capaz de criar a sua própria realidade. Educação das potencialidades do EGO. Motivações. A cada momento podemos fazer um destino diferente. A cada momento podemos colapsar uma possibilidade diferente e escrever histórias diferentes. A cada momento, a cada instante realizamos escolhas ainda baseadas em hábitos e condicionamentos. A cada momento podemos dizer não aos hábitos e condicionamentos e seguirmos um caminho diferente: o caminho do coração.
Abraços fraternos
Dr Milton Moura