INTEGRAÇÃO SUJEITO/OBJETO
Como o objeto se integra com o sujeito
Mente consciente e Mente inconsciente
Estamos a todo instante sob influência da mente inconsciente. Como vimos em outras oportunidades o novo inconsciente tem surpreendido os cientistas da área neurológica (neurociências). A mente inconsciente é surpreendentemente grande, muito grande e poderosa capaz de processar uma quantidade de informações que nem a nossa imaginação consegue imaginar. Cerca de 95% de todas as informações são processadas pela mente inconsciente. A mente consciente representa 5% de toda a atividade, e nem por isso se torna menos importante, ficando com a responsabilidade de alçar vôos maiores em direção ao mundo externo. O inconsciente fica com o trabalho pesado, por assim dizer, e o consciente fica livre para a exploração do mundo externo. Outro fato que temos conversado muito é justamente sobre o mundo externo (mundo corpóreo). Quando lançamos os olhos para perceber o mundo é como se houvesse uma verdadeira “integração” entre o mundo externo (objetos) e o sujeito que percebe (o observador). Constata-se uma separação aparente entre o sujeito e o objeto, mas vejamos então como ocorre essa integração entre ambos. Como podemos superar essa separação aparente? Como o mundo externo é capaz de “causar” uma modificação no sujeito e como o sujeito é capaz de se integrar com o objeto percebido? Criamos a realidade… Como?
Foi um avanço enorme para a neurociência admitir a existência do processamento inconsciente. Até então era difícil admitir que “forças subterrâneas” influenciavam as decisões no campo consciente. Mas é exatamente isso o que ocorre. Para que a mente consciente possa lançar-se para a exploração exterior e a sua integração com esse mundo externo cocriando-o, uma quantidade enorme de processamento sem percepção consciente está ocorrendo. Conquistas evolutivas da consciência (essência do ser). Desde um ser unicelular até um ser pluricelular (70 trilhões de células no ser humano) muitas conquistas foram adquiridas e mais informações foram designadas para o processamento inconsciente. A complexidade do funcionamento do corpo humano obedece a uma inteligência que não pode ser exorcizada, por mais que tentem. Reações químicas inteligentes e com propósitos ocorrem aos milhões em nosso organismo. Controle da produção de hemácias pela medula óssea. Controle do pH celular para que essas reações ocorram dentro de um equilíbrio dinâmico. Controle da produção de hormônios pelas glândulas endócrinas. Toda função biológica parece obedecer a um próposito. Há uma inteligência em todo esse processamento inconsciente. Tudo ocorrendo sem a percepção consciente. Enquanto “olhamos” o mundo, há um trabalho a ser realizado pela mente inconsciente. Um mundo de possibilidades ocorre no inconsciente. A criatividade biológica está ai contida. Criatividade inerente a consciência que utiliza das possibilidades das interações materiais para que ela seja eficaz e perceptível.
O mundo externo existe “para nós”. A percepção sensitiva assim o detecta. Olhamos o mundo e interagimos com ele em uma relação de mútua influência. Para perceber um simples objeto qualquer (uma maça por exemplo) há uma complexidade de fenômenos necessários para essa percepção. O objeto percebido provoca uma série de alterações no organismo que o percebe. Eis a integração. Uma maça para ser percebida provoca várias reações no organismo percebedor. Ela sensibiliza as células da retina que responde ao comando eletromagnético da luz que chega até ela. Essa excitação já contem as informações inerentes a esse objeto (a maça). Essas informações chegam até ao cérebro sob potencial elétrico e os neurônios especializados de alguma maneira criam a representação mental do objeto. Nesse momento, simultaneamente, o cérebro coordena os batimentos cardíacos, o funcionamento renal, os diversos posicionamentos e controles musculares para que os olhos se movimentem adequadamente, o cerebelo responsável pelo equilíbrio mantém estável todo o organismo para que o cérebro possibilite a representação mental dessa maça. Ela passa, agora, a integrar o mundo interno do organismo. Ela sai do exterior e agora habita o interno através da representação mental. Houve uma verdadeira integração entre o objeto externo e o sujeito que percebe. O objeto causou uma série de modificações necessárias para que houvesse a percepção do mesmo. Esse fenômeno ocorre a cada instante. A matéria do mundo externo é a mesma matéria do mundo interno. A maça externa passa a existir no momento em que a maça interna foi representada através dos disparos de milhares e milhares de neurônios. Mente consciente e mente inconsciente guardam uma correlação íntima e inseparável.
A física quântica permite essa compreensão ao admitir que o mundo externo e todos os objetos do universo são ondas de possibilidades e a consciência (essência do ser) é capaz de provocar o colapso dessa função de onda. Portanto, mundo externo e mundo interno são feitos da mesma substância. Não há, na realidade, a separação constatada pela cisão entre o sujeito e o objeto. Há consciência em tudo. No objeto percebido e no sujeito que percebe. Há uma realidade fundamental que merece ser percebida a todo momento. Realidade essa que conecta todos e tudo. Então, por que toda vez que eu chuto uma pedra essa separação insiste em aparecer? A fixidez da matéria é fundamental para que haja compartilhamento de experiências e a consciência possa aprender e conhecer. O propósito da evolução é o crescimento e expansão da consciência para que ao aproximar cada vez mais dessa compressão possamos fazer as escolhas baseadas nessa consciência universal e superarmos a consciência egóica que faz identificações com aquilo que é percebido. Essa identificação deve acontecer com a essência, a chama, o eu, a consciência dentro de cada um de nós. Em breve conversaremos mais sobre essas identificações que nos afasta da felicidade. Por hoje, ressalto a importância da mente inconsciente que se comporta como se fosse essa “força subterrânea” que coordena as ações no consciente influenciando nossas decisões. A medida que superarmos essas inconsciências (Tornar-se consciente dos processos inconscientes) e trouxermos mais luz para a consciência, mais conhecedores de nós mesmos nos tornaremos.
Abraços fraternos
Dr Milton Moura