Como ocorre o processo de transformação pessoal? Qual a dinâmica dessa transformação? Os conflitos são importantes no processo de transformação? Quem não tem conflitos nessa vida? Vivemos uma dualidade constante entre orgulho e humildade, entre ambição e o equilíbrio, entre o ressentimento e o perdão, entre a indiferença e a fraternidade, entre a aflição e a calma, entre o egoísmo e a caridade, entre a intolerância e a indulgência, entre a mentira e a verdade, entre o desespero e a esperança, entre a discórida e a compreensão, entre a mesquinhez e a bondade e entre o ódio e o amor.
A todo momento temos a oportunidade de sair do atoleiro da inferioridade para a terra firme da renovação interior. Passamos por momentos de aparente estabilidade alternado com momentos de aparente instabilidade na vida, porém a todo o instante estamos reunindo informações do mundo infinitamente grande “lá fora” e transmitindo essa informação, por via dos sentidos, através das células para o pequeno “mundo interno”, que é também infinito. As diversas pressões externas que geram preocupações como preocupação familiar, preocupação com o ganho material do dia a dia, preocupação com o trabalho ou a falta dele, preocupações, preocupações e mais preocupações deflagram um resposta de stress, um conflito.
A consciência necessita de transformação, necessita de aquisição de novos contextos, necessita também de novos significados, enfim, necessitamos de criatividade interna para solucionar os conflitos, com o intuito de não acumular mais ferimentos em nossas almas. A solução desses conflitos passa por uma compreensão da integralidade do ser, com todos os corpos sutis: supramental que organiza as intuições e fornecem os contextos para o corpo mental que organiza os pensamentos e confere significado aos contextos, o corpo vital por onde transita a energia vital, sentimentos, e contem os campos morfogenéticos, isto é, as diversas matrizes ou projetos dos órgãos do corpo fîsico que por sua vez organiza os sentidos e os conecta ao mundo da manifestação.
Trazemos ferimentos e possuimos conflitos. Essa dinâmica entre ferimentos e conflitos, muitas vezes, nos levam a soluções equivocadas, pois ainda temos temas incompreendidos como Amor, Verdade, Bondade, Justiça, Beleza e Abundância e damos significados falhos a esses temas, pois o paradigma que nos norteiam é limitado e materialista bem como determinista, sendo incapaz de fornecer uma visão holística e interconectada. Isso nos leva cada vez mais para a separação, que nos leva cada vez mais para a dualidade e a tendência é viver essa separação ilusória, até o momento em que ocorre o despertar.
Quando vivemos o conflito, quando vivemos a ambivalência, quando estamos em momentos de stress ocorre um fenômeno de superposição de possibilidades em um processamento inconsciente, como se a consciência buscasse o propósito de atingir a sabedoria e, quando ocorre um êxtase repentino, quando ocorre o badalar dos sinos, quando o coração vibra de felicidade, quando um raio atravessa o ser, de forma descontínua, isso tudo sinaliza o aparecimento do insight criativo, e a solução do problema emerge, vem a solução do conflito e o ser surge renovado, adquire uma certa iluminação, uma nova estabilidade de integralidade passando a ser, simplesmente. Ele é a transformação, ele vive a dinâmica da transformação e sai renovado do conflito pois é capaz de visualizar as conexões, é capaz de visualizar a unidade. Adquire a coerência entre pensar, sentir e agir e manifesta o produto desse insight em seu comportamento, agora renovado.
Por quantas transformações precisamos passar para atingir tal entendimento? Sinceramente, não sei a resposta. Porém precisamos despertar e entender a dinâmica de nossas sombras, que acredito serem as geradoras dos conflitos, verdadeiros ferimentos esquecidos ou negligenciados ou até mesmo sabotados que nos impedem de ir além em nosso processo evolutivo, criando um circuito fechado de causa e efeito – nosso Karma.
Projetamos os fragmentos e identificamos esses fragmentos em nossos semelhantes. Rejeitamos esses aspectos sombrios de nossa essência e os percebemos nos outros. De repente, o mundo está repleto de raiva, as pessoas sentem raiva e eu não tenho raiva. Quando sabemos que estamos projetando? Simples, se algo acontece, durante o compartilhamento de experiências, e percebemos essa experiência apenas como uma informação sem afetar o nosso humor, provavelmente não estamos projetando. Porém, se a percepção dessas experiências nos irritam, nos afligem, alteram nosso humor, nos invadem em indignação, provavelmente esses são nossos fragmentos.
Essa compreensão é libertadora, porém necessita de honestidade e sinceridade pessoal. A sombra exige um gasto energético para mantê-la e essa energia poderia estar sendo utilizada no processo de transformação. Manter a sombra é um trabalho que gera ou pode gerar mais ferimentos e perpetuar o ciclo karmico. A interrupção do processo necessita do despertar e esse despertar, o tempo desse despertar é pessoal e intransferível. Trabalhar com nossas sombras e transmutá-las em energia saudável é um trabalho urgente e necessário para o atual momento evolutivo de nossa espécie.
Percebam o quanto são importantes os conflitos no processo de transformação pessoal. Uma mudança de paradigma se faz necessário. Mudar a visão de mundo se faz urgente. São esses paradigmas que fornecem os contextos. Precisamos criar representações físicas do corpo supramental. Precisamos vivenciar os valores, precisamos ir além do EGO e educar as potencialidades do mesmo para cada vez mais permitir o despertar da consciência latente e assim estarmos prontos para um novo planeta, uma nova civilização onde a saúde e a paz reinarão e a regeneração da consciência poderá ser experenciada em sua plenitude.
Abraços fraternos
Dr Milton Moura
Muito obrigada pela explicação
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